ARTIGO: taxação de 50% dos EUA a produtos do PIM ameaça economia do Amazonas


Medida afeta exportações, ameaça empregos e pode impactar o agronegócio e arrecadação estadual. Especialistas apontam alternativas para mitigar os efeitos.

Autor: Professor Doutor Pedro Chaves*

A recente decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma taxação de 50% sobre os produtos provenientes do Polo Industrial de Manaus (PIM) acendeu o sinal de alerta em toda a economia amazonense. O impacto da medida, que atinge diretamente setores estratégicos como eletroeletrônicos, motocicletas e concentrados de bebidas, pode ser devastador para a indústria local, a geração de empregos, a arrecadação de impostos e até para o agronegócio regional.

Com mais de 500 indústrias e cerca de 80 mil empregos diretos, o PIM é o principal motor econômico do estado. A nova tarifa imposta pelos EUA torna os produtos fabricados em Manaus menos competitivos no mercado internacional, abrindo espaço para concorrentes de outros países. O risco é de queda nas exportações, redução na produção industrial e demissões em massa, o que pode desestabilizar a economia local.

Efeitos além da indústria

Embora o foco da taxação esteja nos produtos industrializados, o agronegócio amazonense também pode ser afetado. Com menor arrecadação, o governo estadual terá menos recursos para investir em infraestrutura e apoio ao setor rural. Além disso, o aumento no custo de insumos e maquinários — muitos deles fabricados ou montados em Manaus — pode dificultar ainda mais a expansão da atividade agropecuária no interior do estado.

Arrecadação em risco

A dependência do Amazonas em relação ao modelo Zona Franca de Manaus é alta. Estimativas apontam que grande parte da arrecadação de ICMS e outros tributos vem das atividades do PIM. Com a queda na produção e nas exportações, o impacto no caixa do estado será direto — comprometendo investimentos em áreas essenciais como saúde, educação, segurança e infraestrutura.

O que pode ser feito?

Diante desse cenário desafiador, especialistas e lideranças do setor produtivo apontam caminhos para reduzir os danos e buscar alternativas. Entre as principais propostas estão:

  • Diversificação de mercados: buscar novos parceiros comerciais na América Latina, Ásia e África;

  • Incentivo à bioeconomia: investir em produtos da sociobiodiversidade amazônica, como óleos, alimentos nativos e cosméticos naturais;

  • Fortalecimento do agronegócio regional: estimular agroindústrias locais e cadeias produtivas curtas;

  • Inovação e reindustrialização sustentável: atrair indústrias sustentáveis com tecnologias limpas e foco ambiental;

  • Revisão de incentivos fiscais internos: adequar a política de incentivos para estimular a diversificação econômica;

  • Pressão diplomática: mobilizar a bancada federal e o Itamaraty para negociar com os EUA a revisão da taxação.

Caminhos para a resiliência

A medida dos Estados Unidos expõe a fragilidade de um modelo econômico fortemente concentrado em um único polo industrial. Para especialistas, o momento exige respostas rápidas e estratégicas. “É hora de o Amazonas investir mais em inovação, bioeconomia e no fortalecimento do interior, especialmente do agronegócio e da produção sustentável”, avalia um economista local.

Enquanto o impacto da taxação começa a ser sentido pelas indústrias, a sociedade civil, os gestores públicos e o setor produtivo se mobilizam para garantir que o Amazonas encontre novas rotas para seu desenvolvimento econômico — mais resiliente, diverso e conectado com as vocações da floresta.

(*) Pedro Chaves da Silva, é Engenheiro Agrônomo, professor, jornalista, doutor em agronomia tropical pela UFAM e empresário na PCSX Tecnologias 

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